Aqui dentro, chove pendências.
Não fui ao médico para consulta de rotina.
Meu único mal é procrastinar a rotina.
Não arrumei os livros,
embora suspeite da existencia de cupins na estante.
Não cumpri a agenda de tarefas inúteis,
que dão a falsa impressão de utilidade.
Ainda não fiz a mala para viajar à Lua,
falta dinheiro na bagagem.
A energia elétrica voltou a circular pelo bairro.
Nem precisava...logo agora, que eu ia meditar.
Teu sorriso permeia minha memória.
Resíduos do teu corpo encharcam minhas cobertas.
O acalanto da tua voz ao telefone,
quase foi suficiente para diluir a saudade.
Sei que vamos ao cinema mais tarde,
mas eu te queria agora.
É como parar de respirar:
podemos nos conter por um tempo,
depende apenas de folego na vida.
Mas logo depois a gente precisa respirar o outro.
Em mim a ansiedade borbulha: sinto saudade no futuro.
Volto a dormir no quarto escuro.
Porque meu sonho é pensamento puro,
que jamais ultrapassa o muro.
Te encontro mais tarde,
quando eu serei outro eu,
porque este de agora, já morreu.
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