30 maio, 2011

Amanhã é sendo

Hoje, não queria o dia amanhecendo.
Ainda que tivesse insônia,
todos os outros estariam dormindo.

Amanhã, só uma poesia me ressuscitaria.

22 maio, 2011

Quarentena

Expira quarentena,
Quando a vida entra em cena.
Um hiato na abstinência.
Um sopro de afeto,
que aquece corpo alheio.
Desejo aferido com hesitação.
Eterna cumplicidade num beijo,
que penetra armadura corroída.
Proximidade com carinho.
Futuro incerto.
Sedução e vinho.
Coracão aberto.

21 maio, 2011

10 casamento.

Um conservador com outro experimentador,
quando intransigentes não se combinam.
Se casar, um sufoca o outro.
E o outro desnorteia o um.

Nada no patamar pessoal, apenas um cacoete em vida.
Não suportar, ou tolerar um apego emocional?
Maldita dissidência recorrente !!
Um obriga verdades inventadas e consistentes,
outro evita promessas duvidosas.

Não adianta gostar,
nem fazer sexo simbiótico.
Um pensa que ama,
outro acredita que não ama.
A gente vai se falando...
100 constrangimentos,
100 sofrimento,
10 casamento...

11 maio, 2011

Convivência Serena

É um arranjo de concessões, sem direito a reclamações.

10 maio, 2011

Aprendendo 100 você

Ao acordar, mantenho olhos fechados até,
que o lado vazio da cama fique fora do alcance da vista.
Escovo os dentes sem olhar para sua escova ressequida.
Enxugo o rosto sem fitar a piranha roxa esquecida na pia.
Tomo banho só no box, nunca mais na banheira.
Joguei fora o imã de geladeira da nossa pizzaria.
Nunca mais como polenta, ou lentilha.
Tirei pinhão do meu cardápio.
Tua caneca joguei no fundo do armário.
Dei o teu ovo de Páscoa para uma criança de rua.
Também dei os vídeos que assistimos debaixo do cobertor,
agora higienizado para não sentir mais teu cheiro.
Cancelei o curso de vinho e a viagem para Toronto.
Distribui entre amigos todos teus presentes.
Tua foto não rasguei, mas coloquei outra no porta-retrato.
Vou sozinho ao próximo show da Maria Rita.
Removi teu travesseiro do meu leito.
Deletei teu msn, orkut, skype & facebook junto com todos teus amigos.
Apaguei nossas musicas no iPod.
Bloqueei teu usuário no meu e-mail.
Todas nossa fotos arrastadas em um só clique para a lixeira.
Quando sonho com você, chamo de pesadelo.
Fechei minha conta na floricultura.
Não bebo mais água da fonte Petrópolis.
Não peço mais fritas com alho e alecrim.

Me sinto milagrosamente quase curado:
Agora, só lembro de você, quando penso em você...

Para concluir o ritual de desapego, com total sucesso,
vou agendar duas ultimas recomendações:
o transplante do coração enamorado;
e uma derradeira psicocirurgia:  lobotomia frontal .

Sem rejeição e controlando a catatonia,
vou sobreviver muito bem sem alguém...
Obrigado!!


10 troços:
goo.gl/RwiRxgoo.gl/l4LKi, goo.gl/03Ne2, goo.gl/7xowogoo.gl/YuTh4,  
goo.gl/8KnHf, goo.gl/wOV4v, goo.gl/sTvobgoo.gl/gxjn2,  goo.gl/npMAC 

07 maio, 2011

Esperando

Espera,
ex-dela,
exala,
esmera,
quisera,
quem era.
quimera,
lacera,
manera,
sem era.
Sem ela.
Na dela,
espera.
Desespera.
Desmonta,
aponta.
Apronta,
afronta.
A hora,
demora,
enrola,
não cola.
Marola.
Má hora.
Agora.

05 maio, 2011

Esqueci de lembrar de esquecer

Se esquecer fosse possível, tudo era fácil resolver.
Mas esquecer é irrealizável e contra a natureza da mente.
Porque não se esquece o que tem vida na memória,
e virou lembrança.
Memória não se mata,  porque temos que morrer juntos.
Lembramos com saudades do que foi bom,
e com vontade de esquecer o que não gostamos.
Portanto não me peça para te esquecer.
Porque para te esquecer também desapareço.
A gente consegue subtrair da rotina,
surrupiar a presença,
acostumar com ausência.
Mas esquecer, ora tenha paciência !!!

Uma lembrança não foi feita para esquecer.
Um sentimento é invariante às transformações de amor e ódio.
Resta a nós escolher.
Esqueça de pedir para te esquecer.
Porque quem esquece, apenas lembra quando não pode.
Tenho o direito de querer lembrar sempre.
Lembrança, é continuar o convívio com o outro,
sem o direito de renovar a existência.
Lembrança é viver sozinho, com alguém.
Lembrança é plural no singular.
É cada um no seu lugar.

02 maio, 2011

Por um fio

Pego o cobertor para estancar o frio nublado.
Permeio por um fio de cabelo dela, languido e enrolado.
Já não basta memoria renitente...me perseverando.
Talvez ela tenha deixado o desgarrado de propósito.
Para me atacar de saudades,
como uma vingança retroativa.
O fio se emaranha e me tortura.
Cheira à shampoo para cabelos teimosos.
Corro para jogar água fria no rosto,
e livrar-me do pau-de-arara emocional.
Aperto sofregamente o tubo dental,
num movimento mecânico de higiene compulsiva.
Esfrego os dentes até clarear o pensamento.
Usava a escova dela, que se infiltrava na minha boca,
como um beijo espinhoso.
Um corretivo naquela que deveria ter ficado calada.
Ao invés de sufocar a amada com tanta verborreia descontrolada.
Não faltou amor, faltou silencio.