26 junho, 2008

STS-61: EMOÇÃO telescópica

Data: Dez 1993.

Nome: T. les Kopio Hubble.
Nascimento: Abril 1990.
Idade: 03 anos.
Olhos: prateados.
Altura: 13,2 m.
Peso: 11 Ton.

Sintomas: visão embaçada.
Diagnóstico: Catarata espacial precoce.
Oftalmologistas: astronautas Tom & Kathy
Especialidade: cirurgia no vácuo
Altitude da Sala cirúrgica: ~500Km
Tratamento: Óculos & câmara autocorretiva
Medicação: Costar&WFPC
Ambulância: Endeavour
Tempo de cirurgia: 40hs
Pós-operatório: 06 semanas

Alem das atávicas emoções das missões espaciais, estes “cirurgiões do espaço” puderam restabelecer a visão turvada de toda humanidade, estendendo de forma espetacular os limites da percepção humana.

Democratizando, sem egoísmo, uma vista privilegiada a partir da terceira rocha que orbita uma estrela de quinta magnitude, chamada Sol.

Emocionando cada ser humano emudecido e admirado com as fotos da imensidão do universo escuro, gelado, gasoso e estrelado.

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09 junho, 2008

Diversão mental, escravidão cerebral


O almoço dominical com meu filho nos leva casualmente ao interior de um templo do consumo – o velho Shopping Center.

Eu tento provocá-lo, numa conversa digestiva, e reclamo:
-Você acha que estes vorazes consumidores necessitam realmente de cada objeto adquirido?

Indignado com minha inocência, ele responde:
-Claro que não! Isto é assim desde os tempos que o homem abandonou caçar o jantar e começou a estocar várias refeições, que às vezes apodreciam sem consumo.

Sem perceber a profundidade da resposta, atuo novamente:
-Mas existem limites para estocar ou não?

Ele retruca:
-Limites físicos existem, mas o que as pessoas estão comprando é a sensação de estar vivo. Umas o fazem comprando no shopping, outras queimando combustível fóssil, derretendo borracha e arriscando a sua própria vida....numa corrida de Kart.

Eu finjo que estou morto, paro de reclamar disfarçadamente. Trocamos olhares e sorrisos característicos de sinapses prazerosas e divertidas.

Lembro do vídeo da Susan Blackmore, sobre o mecanismo replicador de
memes.(unidade de evolução cultural que pode de alguma forma se autopropagar).

Nossa mente, nosso cérebro.
Nosso conteúdo, nossa infra-estrutura.

Somos na essência uma serie de sinapses permanentes e ocasionais, profundamente orquestradas com finalidade de produzir serotonina, depois da temporária excitação mental.
De maneira ditatorial a maioria das mentes tenta aliciar e catequizar outras, para criar um cenário social ressonante e confortavel.
É um processo conjunto de manipulação e subserviência canibalesca e atávica, mediado pelo corpo e vestes num frenesi de relações físico-químicas.
Quanto mais mentes adestradas, escravizadas, e alinhadas com o nosso conteúdo, maior a probabilidade de êxtase cerebral.
Todos
nós nos relacionamos de maneira fundamentalista e mental.
Tão logo a mente reconhece a presença de outra, ela se utiliza de toda infra-estrutura possível, desde o cérebro-corpo-vestimentas-adereços para intermediar a seducao, num processo de catequese involuntária, onde a coexistência com alguns batráquios só nos causa irritação por não permitir expansão do cenário confortável para troca de unidades de evolução cultural.

As ofensas que a humanidade pratica sem querer.....

Será que este texto catequista, trará um pouco de paz à minha futura convivência com o leitor?


Ponto Azul Pálido

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by Carl Sagan (1934-1996)

Data: 14fev90
Espaçonave: Voyager 1

Distancia: 6,4Bi Km. ~40UA ~5h20min. (nas proximidade de Saturno)

- Por favor, Voyager, voce poderia bater uma foto?

Na Terra faço pose, sorrio, penso em algo bom, ponho a melhor roupa e CLICK !!

Tenho que esperar quase 11 horas para revelar a foto.

Surpresa!

Vejo um ponto azul perdido num mar de estrelas e quase do mesmo tamanho do sol. Não se consegue ver minha imagem, nem minha casa, nem evidencias dos meus pensamentos e convicções...

O universo é cruelmente democrático e não tem de destaque para nenhuma espécie: seja formiga ou ser humano.

Paradoxalmente só através da lente de um veiculo espacial sofisticado percebemos a irrelevante papel dos seus criadores que sobrevivem temporariamente nesta minúscula rocha quase esférica, conhecida como Terra.

Emoção do auto-retrato da nossa civilização, sem epopéia, nem esperança.

Sem moldura e com muito vazio para reflexão.

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