25 agosto, 2011

Cotidianos

Os cotidianos se repetem organizadamente.
Existências rotuladas pela banalidade.
Repudiando e desmoronando coisas sem importância.
Atropelados pela modernidade.
"Não Fumar", "Não estacionar", "Não isso", "Não aquilo".
Bastaria uma única placa: "Respeite as outras criaturas"
Embora a justiça sentencie treze anos,
O banqueiro contrapropõe apenas quatro.
Honestidade em liquidação.
Proposta aceita e parcelada sem juros.
Tempos de crise...
Do outro lado a Primavera Árabe,
Mostra indícios de Outono,
Sem direito a Verão.
Aqui, eu caminho sem ajuda.
Penso sem auxilio da televisão.
Falo no megafone e ouço alem do telefone.
Dos meus poros, essência se esvai em suor.
Minha insistente presença causa constrangimento.
A verdade não está na moda.
Uma multidão, sem destino, segue enriquecendo.
Para meu desatino, continuo sorrindo.
Espontaneidade não conta ponto, falta branqueamento dental.
Meu seguro de vida não garante o desejo de existir.
Falo daquela existencia além do boleto bancário.
Articulada pelo comunitário.
Sem disfarce, nem ataduras sufocando feridas.
que doem, mas acendem a pirotecnia interna e dão vida.
Paz na inquietude.
Esgotado na plenitude.
Amiudado.

10 agosto, 2011

Companhia de viagem

Seis horas de monotonia, espremido e sacolejando, na melhor das hipóteses.
Todos assentos ocupados, menos aquele ao meu lado.
Era uma versão tupiniquim da Whitney Houston.
Sorri e logo dilacera minha inquietude.
Meu sorriso exagerado revela que já fui cativado.
Mais um olhar daqueles, me faria escravizado.
A paisagem dos primeiros quilômetros faz da prosa um pretexto para o carinho.
Sem saber o nome ou sobrenome, a idade ou seriedade.
Experimentamos a textura da pele, como tateando livro em braile.
Os arfares ocupam espaço na mudez entrecortada.
Ela alerta que vai colocar silicone onde a natureza já caprichou...
Num esforço de recompostura mostra fotos do ultimo desfile.
Eu aparento me interessar pelo que ela finge me mostrar.
Anoitece, esfria e o cobertor esconde o nosso calor.
Pequenos gritos sufocados denunciam bulinações sorrateiras.
A viagem de caricia desvia rumo pela malícia.
A luz da cabine acende, e apaga nosso fogo.
Chegamos ao meu destino, apenas uma escala para ela.
Promete que liga?
Me chama que eu vou...
Tem que ter pousada.
Comida da boa.
Presente para patroa.
Ser bem comida.
Que justifique mudar de vida.
Cicatriza ferida.
Me liga.
Desliga.
Despedida.

09 agosto, 2011

Sem resposta

Não estava fora da área de cobertura.
Nem faltava de crédito telefônico.
Aquela mudez me ensurdeceu.
Era eu em 10crédito.