23 outubro, 2011

Encontros clandestinos

Telefonema internacional vendendo fortuna fácil.
Um velho truque do mercado financeiro,
que usualmente rechaço de forma hostil.
O assédio daquela voz sensual,
sempre no momento inadequado.
Terna ela persiste,
e persevera como predador paciente.
Seduz, modula voz e atenua minha evasão.
Vamos nos tateando lentamente.
Passamos do dinheiro, para algo verdadeiro.
Empatia digital,
Platonismo virtual,
transformando espaço em tempo.
Teoria da Relatividade na rede.
Sem arrogancia,
quase sem ganancia.
Ela me cativa homeopáticamente.
Os fusos são confusos.
Sou acordado no meio do sonho,
pelo meu próprio sonho.
Tagarelamos como velhos cúmplices na vida:
os blogs, os livros, os poemas, a arte,
tudo é descoberta lúdica de pertinencia.
Hoje já virou hábito.
Quase rotina diária.
Proposta de casamento no escuro,
amigos comuns,
albuns de fotos,
transito local.
Desligo o fone,
enebriado pelo "eu" do outro lado da linha.
Um ego fora de mim.
Um flerte comigo.
Contigo,
Consigo,
Antigo,
Abrigo,
Te ligo.

Um comentário:

Dan André disse...

Perfeito ! Estava "andando" de blog em blog e vi essa obra prima. Um forte abraço e parabéns. Se puder dê uma olhada no meu que é: http://gagopoetico.blogspot.com.br/