01 abril, 2009

Sonho sob encomenda

A campainha toca no horário previsto.
Um pouco de felicidade clandestina entra com hora marcada.
Deita na rede da varanda com familiaridade.
Nem o "scotch" com muito gelo consegue aplacar a euforia juvenil.
Mãos tateando entranhas buscam aprender o outro.
Nossos corpos se mesclam atônitos no corredor pouco iluminado,
que nos levaria da sala ao escritório.

As vestes rasgadas servem como testemunhas oculares,
do instinto que vai se esparramando impiedosamente.
Sem vergonha de ser mulher,
na pratica do rito animal com êxtase retumbante,
rasga a pele em busca da carne,
penetra a derme com euforia hedonista,
captura o olhar antes que escorra no tempo.
Simples como convém a uma deusa e a um poeta.

Agora me resta apenas duas tarrrachas de brinco,
imoveis sob os lençóis impregnados com cheiro de gente saciada.
Uma lembrança de plenitude e fulminação.

O telefone toca e interrompe meu sonho.
- Alo!! Voce conseguiu comprar as tarrachas que te encomendei ? Sem meus brincos minha vida vira uma loucura!!!

Faço idéia...

[mlfb]

Um comentário:

Judô e Poesia disse...

Adorei o poema, o ritmo, o enredo e o desfecho. Ótima leitura. Abraços. Domingos.