21 outubro, 2008

Salva-Vidas

Saio do escritório na virada da noite.
Dilacerado pelo dia repleto de voracidade capitalista:
mercado de capitais,  assassinos de aluguel,
despencada cambial, queda de braco,
celebridade em alta, caos equilibrado.

Abandono o elevador, que se abriu pantograficamente,
oferecendo limitadas perspectivas.
Na porta de casa um envelope quase me espreita.
De longe lembra material de campanha politica...
Nem MarTaH nem KemSabe?
Surpresa interessante: "TANGENCIAS".
Um envelope contendo um pouco de alma aprisionada
em forma de celulose perfeitamente distribuída (90gr/m2).
Requinte e bom gosto no tom verde musgo da capa.
O título ativa minha noção Newtoniana de função derivada.
Os poemas: Solidão, Retorno, Ausência....e outros,
em pouco tempo reciclam a mente cansada.
Ate o corpo parece revigorado....
O livro de poesia acaba de salvar uma vida.
(certamente não vai aparecer no jornal das oito!!)
Infelizmente o  resgate  perfeito eh apenas temporário.
Em poucas horas, quase tudo que foi remediado,
Será  deliberadamente fragmentado de novo, de forma homeopática.

A rigidez da escravidão abusa da elasticidade da psique.
Faz necessário quase uma biblioteca inteira
para a liberta-la de forma definitiva,
sem renitente reversão.

[mlfb]
 


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