25 fevereiro, 2011

Pequena Morena

Imerso na penumbra em desvalia,
onde nada poderia me iluminar.
Um olhar meigo, contundente,  atravessa a sala,
e me designa com saraivada tracejante.
Sua colant ressalta forma em pele morena
Classe com vivacidade, quieta sem timidez,
inteligente,  comedida,  chique sem sofisticação.
Senhora do seu eu, e de muitos outros destinos.
Uma vigor intenso sem fatalidade.
Juntos, percorremos dois pequenos quarteirões,
No meu anseio, o desejo de uma estrada para vida inteira.
Aquelas pernas roliças e reluzentes.
Me incitam, instigam tegumentar .
Enfim me ressuscita, sem hesitação.

22 fevereiro, 2011

Sacerdotisa

Despertei antes de acordar.
Estava completamente enfelicidado.
Sono entorpecido pela noite de paz,
Antecedida por séculos de guerra.
Água na banheira mescla nossos corpos.
Café com leite.
Que parte minha tateio em você? Nunca sei.
Deite.
Olhares de cumplicidade e descompromisso,
Percorrem um interminável domingo de férias.
Nas veredas do teu dorso,
um destino sem chegada.
Nos meus braços tua vontade.
Na tua boca um afago.
Um carinho.
Um jorro indômito.
Deixa vestígios de felicidade clandestina.

Voa pássaro rebelde à espreita do amor divino.
Ultrapassando atmosfera,
em metamorfose compulsória.
Sufoca, e se desespera.

Amar sem culpa, nem multa.
Sem medo.
Sem apego.
Urgente.
Num átimo de segundo.
Numa ode complacente.

Teimosia insiste em não querer.
Persistência arriscando a vida, até morrer.

21 fevereiro, 2011

Incidente

As carícias são roubadas.
O sexo é sagrado.
Na pele,  carinho incrustado.
Às vezes amar é leviano.
Coisa de otário.
Um pensamento solitário,
Sem culpa e sem horário.

Afeto

Ninguém se afasta por decreto.
A gente só se vai por desafeto.

13 fevereiro, 2011

Ilhabela

Racionalmente feliz.
Encaro a decisão, com mudez e convicção.
Submetido ao desapego em solidão.
Piso firme em solo pastoso.
Deixando pegada profunda.
Me descubro passageiro compulsório,
em minha própria viagem.
Inexplicável entendimento sem ensinamento.
Olhar de moleque travesso.
Sem nariz escorrendo,
Sem medo espremendo.
Arremessado na areia a cada onda reptada.
Fugindo da sereia, que me espera mergulhada em teia.
Encharca pulmão e veia.

11 fevereiro, 2011

Fila da escassez

A mãe adoeceu por escassez de afeto,
que o filho não dá.
O filho enlouqueceu pela falta da amante.
que não o quer mais.
Amante espera isso de outro alguem,
que não quer ninguem.
Mas namora a Maria do Ramalho,
e se diverte pulando de galho em galho.