Todos os caminhos ficam congelados e sem rumo no tempo-espaço.
No apartamento, um rosto aprisionado pela fotografia, me encara, com olhar insólito, esboçando um ligeiro cumprimento, ainda que confinado ao porta-retratos.
A foto me faz pensar na lembrança do que já não é mais.
O silencio denuncia a falta de vínculos.
Da televisão vem uma saraivada de tiros que quase atingem meu cérebro. Poderia ter ficado desmiolado!!!
O controle remoto não só me salva, mas também me remete a remissão dos pecados, acompanhando uma infindável prece de fé calorosa, louvor ao dízimo no bolso do bispo.
Agora são as noticias no telejornal: cresce o numero de mortos no acidente não sei onde, causado por não sei quem...
Entediado pela realidade, ligo outro aparato eletrônico e me deleito com musica para inebriar a imaginação.
Sinto o tempo passar pelas frestas da mente e balançar o corpo combalido.
Meu olhar busca vestígios latentes de imagens revitalizadoras.
Mas experimento o silencio, sem estar surdo,
Permaneço mudo pela falta de interlocutor.
A catarse escraviza e me algema à solidão.
Meus livros se mantêm calados e imóveis nas prateleiras da estante, como estivessem proibidos de praticar a disseminação do seu conteúdo.
Fui interrompido por um “bip” informando que um amigo distante sentou-se à frente de um computador e acaba de dizer "OLA!" remotamente...
Realidade Virtual, engodo emocional.
[mlfb]
Um comentário:
Depoimento dos alunos da Oficina de para desconstrução de gavetas,
sobre os pontos fortes dos textos do Blog Falsa Dicotomia:
Ana:
Conteúdo adequado/ irônico com o suporte tecnológico
Tema da solidão é o tema do século, mesmo estando acompanhado
Boa colocação do tempo que é tão raro
muiti-tecnológico humaniza o meio
Gabi:
Ritmo e palavras trazendo o humano aos objetos/ tecnologias
Adri:
Habilidade em brincar com o meio e a narrativa. È muito inteligente a maneira com você evidencia a forma e a faz transcender através da realização pelo leitor.
Parabéns! Você concretizou o seu projeto.
Rafael:
Achei bom você remeter à conjuntura possível do leitor.
Gostei da riqueza de referencia, entre a que está no ambiente e aquilo que transcende esse ambiente, como se estivesse suspenso a partir dele por uma linha fina, de qualquer forma, um hiperlink.
Fernando:
Temática bem definida + Boa cadencia
Iria escrever + mas não deu tempo
Raquel:
Gosto do controle para a vida sem sentido, com se o sentido da vida fosse a necessidade de controlá-la.
Usar textos que tenham em si um pouco do meio que usam
Pati:
Remotas emoções sempre a interferência invasiva da maquina, a tecnologia como um outro ser.
eu agora, estranho a mim mesmo, me torno o objeto daquilo que me controla.
Amanda:
Comunicação com o moderno, as mídias é um ponto importante.
O leitor se vê nessa comunicação e reflete sobre ela.
Gosto da portabilidade e da densidade das palavras que vão em um suporte tão flexível, etéreo, digital, “de mentira”.
Pensar comunicação muito efetivamente.
Você usa o meio, fala dele e é interessante o que diz.
Ótimo!
Maria de Lourdes:
Inteligência & Análise Critica.
Análise maravilhosa que consegue ser técnica.
A distancia imposta pela tecnologia.
A solidão. O passado. A tecnologia a serviço de companheira enganadora para tempos (ociosos?) em pleno o Sec XXI.
A falta do outro real, encarnado.
O sonho que nunca acontece.
Elza:
Meio longo demais...Gosto mais da segunda idéia (personificar os dispositivos receptores)
Andrea:
“O silencio denuncia a falta de vínculos” – Profundo e original.
Nunca havia visto essa idéia colocada desta forma.
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