28 abril, 2008

Domingo no Parque Faz de Conta

Parto em direção do Parque para cumprir o ritual diário de 9 km de auto-punição, que segundo diz o Dr. Drauzio, serve apenas para poder sentir a recompensadora endorfina pelo corpo e ensação de dever cumprido pela mente.

Mas nem tudo é simples com parece....

Hoje é domingo. dia de lazer institucionalizado.

No caminho já encontro o "pai de final de semana" atropelado pela prole retumbante e supervisionado de perto pela esposa autoritária e provisória. Procurando uma escassa vaga de estacionamento , ele já está transpirando dentro do carro, mesmo usando a direção hidráulica, que segundo a vendedora facilitaria na hora de estacionar.

Logo adiante uma mãe "mostra serviço" para o "chefe da família".
Impede o filho de saltar, oferece ao rebento um "suquinho" em troca de letargia infantil temporária, tira a camiseta do filhote, segura na mão dele para não deixar escapar "sua" razão de viver....
Sem falar uma palavra, insinua que está gorda e desajeitada porque "agora" é mãe, e como todos devemos saber, esta situação obriga uma dedicação incondicional.....à possibilidade de se largar e poder viver à vontade. ( nobre justificativa!!! )

Mais à frente tem uma esportista "fake": tênis novo de ultima geração, short e camiseta na moda, excesso de perfume, um meticuloso e disfarçado esforço para ressaltar as virtudes e esconder os defeitos, falando alto sobre a viagem "internacional" para Miami ou Buenos Aires com "aires" de quem é "habitué" do jet set global e gesticulando muito para garantir ser o centro das atenções, mesmo tendo baixa auto-estima.
Interrompe a conversa com a amiga, apenas para desqualificar o bad-boy que se insinua de forma viril, e grita:
- Ai! que pobreza!!! A gente não pode nem pôr uma "roupinha" básica para fazer exercício, que aparece essa gentalha sem classe para perturbar o nosso fim de semana. (...dissimuladamente marca um ponto adicional no seu EGOmetro...)

O atleta-boy também é outro personagem. Com numero máximo de sinapses limitado pelo conhecimento adquirido nas aulas de catecismo na infância, ele segue exibindo a musculatura hiper-desenvolvida, que lhe garante a masculinidade, ainda que passe o dia admirando seu corpo e dos colegas no espelho na academia.

Em meio à toda esta farsa, já não tenho a mesma performance esportiva, caminho combalido, simulo cara de quem acabou de perfazer 10 Km em velocidade de campeão olímpico, e ainda olho sorrateiramente para o rebolado da bunda "fake"....

Assim vai parte da manhã no Palco do Ibirapuera, que de verdadeiro mesmo tem apenas a Dna. Telma vendendo água de coco no carrinho, que ela puxa por kilometros para seu sustento, aplacando a sede verdadeira dos personagens do mundo falso que nos rodeia.

[mlfb]

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Belém, experimente correr no Horto Florestal. Se isso for muito distante para sua disposição dominical, tente o da Aclimação (agora com 4.000 m2 a mais, incorporados do colégio Anglo Latino). Certamente encontrarás menos distrações fúteis, que desconcentram do foco, que é... olhar bundas? Não! Aprumar o espírito via corpo. Abraço do Francisco, com a Dri ao lado, mandando beijo.