11 agosto, 2006

No Bar Original

Depois de um chopp com amigos na pizzaria eu arrisquei um chopp comigo mesmo. Apenas eu.
Observando e percebendo o mundo e o universo.
Vejo amigos em efusiva fraternidade.
Na verdade e apenas a satisfação de outro nos reconhecer dando sinais de nossa existência.
Não podemos ser alguém sem o outro para garantir que não somos apenas um observador isolado.
A garota sorri convidativamente porque esta protegida pelo namorado. Sozinha, este olhar traduziria disponibilidade.
O garçon sempre servindo sem questionar o "porque", apenas "o que".
Televisão ligada sem som, mostra imagens de um mundo que banaliza a violência, a confusão, o cotidiano.
Dois amigos parecem entretidos na conversa sobre o futuro esperado que não vem.
Outra mesa discute relacionamento sem profundidade apenas na medida suficiente para que o recado seja entendido e respondido com uma atitude de aceitação.
Chega minha empada de camarão.
Muito gostosa , quase anula minha possibilidade de flertar com uma falsa garota no balcão.
Mais um chopp e continuo observando, o processo encantado de ser humano de maneira desumana.
A TV sem volume, da instrução de como ser desejada, e como ser cobiçado, eleito.
Mescla com uma falsa esperança para as crianças que não podem comer, ler .
Mas que são resgatados pela culpa induzida, e pelo índice de audiência em nome do coração.

Este vomito verbal também foi induzido, acho que falta uma femea para diluir o racional e balizar o instinto sem dar tempo para a intelecção competitiva.
Instinto amordaçado e desfigurado.
O casal de namorados continua sem se tocar.
Amanha ele contara uma estória de sedução e ela falara sobre o lugar que foi levada.
Me enganei, pois agora ela mostra compaixão em um beijo coreográfico e sem frustrar expectativa.

Existe alguém verdadeiro neste bar?
Todos somos arremedos de personagens do nosso roteiro de vida.
Meu celular continua mudo, prova inequívoca que o mundo existe e funciona não obstante minha pretensiosa contribuição.
A moça feia recebe um mimo do garçon e tenta exibir a falsa popularidade para a incauta amiga.
Assim, todos encenamos a peca "Bar Original".
Todos tentando fugir da realidade, de ser sem sentido, dispensável, e absolutamente insignificante.
Cansei de escrever.
Todos fumam.
Alguém fala de tecnologia.
Um olhar de suplica.
Quero ir embora!!!
(Eu não sou daqui eu sou da Bahia!)
Começo a transição de observador para ator.
Não consigo mais sobreviver a leviandade da musa com o namorado.
Enquanto ele levanta da mesa, ela me lança um ultimo olhar exterminador, porem aceptico.
Agora também vou embora
Vou transcrever meus sentimentos, usando o blog como interlocutor.
O falso orgulho de ser observado pelo ator.

[mlfb]

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