Chego na hora marcada no escritório do advogado.
A assistente automaticamente me encaminha para sala de espera.
Uma revista e duas cadeiras distraem e confortam clientes,
como aquela mulher de presença marcante,
folheando mecanicamente uma revista com noticias vencidas.
Entreolhamos-nos durante um rápido cumprimento.
Embora o rosto recorde uma paixão de adolescência,
a resposta protocolar mostra indiferença a minha chegada.
A advogada avisa que chegou minha vez.
A mulher também se encaminha para a sala de reunião,
onde embora juntos, estamos separados por mundos diferentes.
Durante a coreografia oficial, a conversa é truncada pela escrivã,
que insiste na leitura de maneira inequívoca e quase monossilábica.
No ar apenas o monótono som das palavras escritas, digitadas e conferidas.
Somos dispensados da torturante revisão da verificação documental.
Descendo no elevador, novamente sujeitos ao hiato sonoro desconcertante,
durante a viagem espacialmente curta e temporalmente longa.
Hesito, mas tento uma conversa sem palavras e não correspondida.
De súbito digo que gostaria de conhecê-la melhor,
enquanto entrego meu cartão de visitas.
Ela balança a cabeça sem entusiasmo se afastando do meu pedido.
E sem hesitar, segue o seu destino me abandonando desarticulado.
Não sei por que ela continua me recordando alguém.
.............................................................
Agora, longe do meu alcance, avaliando o trejeito percebo quem era!
Já fomos casados, tivemos filhos e nos separamos buscando ser feliz.
Hoje, com alguma maturidade, sei que:
Felicidade não existe.
O que às vezes aparece é:
Oportunidade para “ser feliz sem saber”.
Opção que às vezes descartamos por orgulho, estupidez,
ou quando o predominante cotidiano invade,
mescla e conduz nossa vontade.
Dissipando o “importante” e consolidando o “urgente”.
Ao fim de tudo não passamos de uma seqüência de tentativas de tentar ser,
aquilo que imaginamos querer ser.
(*)in≠
[mlfb]
Fragmentos de textos interessantes de autores renomados e também de minha autoria, depositados aqui ao invés de entupir a caixa postal dos amigos.
29 abril, 2006
15 abril, 2006
Discernimento Antropológico
Ainda que alguém sinalize o caminho a seguir,
não se impõe caminho a ser trilhado.
Nada dirige o explorador alem do seu ímpeto pessoal curioso e sua vontade própria.
Se a descoberta não lhe agrada, ele não poderá responsabilizar outrem.
Ninguém respira por você.
Democratize seu oxigênio, sem compartilhar o pulmão tuberculoso.
Respire, sem contaminar o entorno.
[mlfb]
não se impõe caminho a ser trilhado.
Nada dirige o explorador alem do seu ímpeto pessoal curioso e sua vontade própria.
Se a descoberta não lhe agrada, ele não poderá responsabilizar outrem.
Ninguém respira por você.
Democratize seu oxigênio, sem compartilhar o pulmão tuberculoso.
Respire, sem contaminar o entorno.
[mlfb]
01 abril, 2006
REcuperação NATA
Só dou conta quando percebo,
que o joelho não e' foco de preocupação.
Fazer fisioterapia era mandado do coração,
planejando futuro com sabor inebriante de presente.
Não fiz sequer uma sessão de hidroterapia.
Apenas descobri o brilhante olhar da hidroterapeuta.
Um olhar, um bom dia...
De repente um encontro casual e matematicamente improvável,
quebra todo meu ceticismo, e me transforma num moleque feliz.
A linguagem verbal hesitante denuncia o interesse.
Ser tudo num só instante.
Minhas defesas são inúteis...
A linguagem corporal apenas corrobora a verbal.
Uma vontade avassaladora de tocá-la me deixa ridiculamente exposto e desprotegido.
Mas o olhar fixo confessa interesse que transcende o instinto.
O joelho!?
Creio que melhorou...
Mas espero que necessite de mais fisioterapia,
só para manter o coração saudável.
[mlfb]
que o joelho não e' foco de preocupação.
Fazer fisioterapia era mandado do coração,
planejando futuro com sabor inebriante de presente.
Não fiz sequer uma sessão de hidroterapia.
Apenas descobri o brilhante olhar da hidroterapeuta.
Um olhar, um bom dia...
De repente um encontro casual e matematicamente improvável,
quebra todo meu ceticismo, e me transforma num moleque feliz.
A linguagem verbal hesitante denuncia o interesse.
Ser tudo num só instante.
Minhas defesas são inúteis...
A linguagem corporal apenas corrobora a verbal.
Uma vontade avassaladora de tocá-la me deixa ridiculamente exposto e desprotegido.
Mas o olhar fixo confessa interesse que transcende o instinto.
O joelho!?
Creio que melhorou...
Mas espero que necessite de mais fisioterapia,
só para manter o coração saudável.
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