13 dezembro, 2020

Adeuspedida









Ao final, fica apenas, uma sala cheia de ressentimentos espalhados pelo carpete, um sofá desarrumado, meia garrafa de vinho tinto, e um pedaço de pizza frio e desnorteado como a vida.

O essencial segue, em nossos corações, embrulhado num abraço espremido, num beijo enviesado, e perdido entre nossos corpos emaranhados.

Meu coração...literalmente combalido.

09 dezembro, 2020

DESNUDOS









A atração bioquímica é implacável, inegável e inevitável.

Resistiu dezenas de anos... 

A amizade leal e indestrutível, também resistiu.


A musa idealizada é desnudada para dar espaço a mulher sem filtro.

O namorado indolente se transforma em homem plácido e confiante.

Em meio a verdadeiras palavras não ditas, mas pensadas nas entrelinhas, emerge uma nova relação de amor, que pode ser de companheirismo, parceria, 

ou apenas amizade reformulada, fortalecida e genuína.

Entre o meu eu e o teu, fica o meu teu, comigo em você.


O hábito de namorar só no fim de semana, sobrecarrega e sufoca o restante da semana numa indesejável ausência.


Amantes desnudos, sem filtro em busca da plenitude sem aniquilação, 

num futuro sem presente.

Estar para sempre com a essência,

Sem carência,

Só consciência.

Transformação bilateral,

com chamego incondicional.

06 dezembro, 2020

Pizza pressentida

 

Melancolia







Tua tristeza sufoca meu fôlego,

Aniquila nossa resenha.


Voce sem meu abraço, é descompasso.


Eu sem teu rabicho, apenas um bicho.


Nós sem conosco, um enrosco.


27 novembro, 2020

Madrugada








Prefiro meu corpo contorcido em convulsão, 

minha mente apavorada, boca retorcida, 

pele em carne viva e alma excomungada,

à fantasia de imaginar:


Os caminhos e descaminhos das tuas entranhas, 

percorridos por outras mãos,

Teus prazeres insuflados por outras bocas,

Tua alegria infiltrada por outro alguém, 

Um esbaforir de felicidade clandestina sem mim.


Que medos profundos me açoitam,

Que olhares roubam o meu viver

Que preces alimentam a minha fé

Você sem eu…


E ainda nem amanheceu...

20 novembro, 2020

Tes0uros Profundos


Um salto inadivertido 

Um mergulho em minhas profundas aguas turvas

Faço contato

Parece um baú cheio de falsos tesouros:

Um colar cheio de insegurança,

Um relógio com medo de frustração,

Um spray contra rejeição,

Uma pulseira com pavor de manipulação.


Mais no fundo vislumbro uma sereia 

fazendo anoitecer nos abissais.

e apressando o contato

no ato

sofrer para fortalecer

amar para viver

meu nucleo está trincado, 

adulterado,

remendado. 

Agora são apenas cicatrizes


Volto a tona e me livro do baú.

mergulho revelador

exorcismo atroz

Me liberta e me guia

Para além da hesitação.

Inquietude aplacada,

Falta de coragem afogada.



13 novembro, 2020

Chegada da Partida








Desperto estraçalhado. Faltando um pedaço...

Era você que já havia se levantado para viver.

Fico amedrontado,

Mas prevalece a coragem dos que não tem nada a perder.

Saio alquebrado, e sem destino,

Com dor e desatino.

Temendo amar tanto assim.

Fica um beijo confiscado em lábios selados.

Um abraço solto.

Um amor de perdição.

Um desarranjo sem muro,

Sem perspectiva no meu futuro.

Viceras expostas.

Morte em vida,

Minha alma banida.

15 outubro, 2020

Após sentado







Outrora eu sonhava...

Agora todos os dias são marasmo.

Cheio de notícias repetidas, 

e antigos protagonistas.

Mesclados na cadência de um eterno desajuste.

O mundo em catarse pandêmica me contamina.

Marte, parado me espera, enquanto ela se afasta

E se despede injuriada.

Sem consenso, sem lenço.

Isolamento social.

Agora distanciamento emocional.

Sem abraço, com orgulho, sem complacência.

O trem está partindo...também o meu coração.

Sai em busca de alento para nutrir os buracos da alma.

Sem futuro, em cima do muro,

Em catarse, eu coágulo...


07 junho, 2020

Despedida

Quando a melancolia é única esperança,
sonolência é sinal de vitalidade,
Sobrevivência é rotina.
O estado não governa e só brinca no picadeiro.

Pessoas entorpecidas de corantes, aromatizantes, 
conservantes ou conservadores.
Anarquistas disfarçados de ativistas.
Ativista dissimulados de politizados.
A única coisa que resta é polarização.
Chicote na população,
Bolinação sem sexo,
Sexo sem amor,
Amor sem calor,
Ardor sem frescor,
Frescor sem valor,
Tudo desamor.

Alguns morrem de fome.
Outros de excesso de alimento entupindo as veias.
Enquanto alguns morrem com vírus
Outros morrem em vida, 
viralizando uma catarse perene.

Depois de toda jornada, 
sobra apenas a carcaça em descompasso, descontrolado.
No leito, descansa entubada a sobrevivente retorcida pela vida,
que teima em continuar por um suspiro.
Mas segue feliz, por não ter mais a obrigação de viver o amanhã,
e confiscar a atenção dos afogados na insensatez.
Nós, que equivocadamente continuamos inertes, esperamos nossa vez.
.
Um pouco de sanidade, sempre nas lembranças. 
Amor nos tempos da pandemia.

O Sistema mantém o contemporâneo desprezo pelo humano, 
a meritocracia pelo desumano.
A mão que açoita forte durante a vida,
quer acalentar sem piedade no momento da morte,
apenas para aplacar a culpa de quem continua vivendo.
Um derradeiro Golpe de Mestre.
Sem compaixão de acomodar na UTI.
Na caminhada final tratamento VIP com morfina,
sem desconforto. 
(de quem?)
Um suspiro. 

Um aborto de quem já estava morto.

Pax