11 setembro, 2009

Febre? Gripe Suína?

Calor imenso, suando de umedecer a camisa.
Logo em seguida calafrios, temores e tremores.
Será que a "suína" me pegou?
Fico atônito e penso no meu velório.

Quem viria? Os amigos?
Os inimigos para certificar a morte sem direito a ressurreição.
Acho difícil tanta gente, com esse trânsito engarrafado.
Melhor fazer uma transmissão ao vivo pela Web.
Mas quem vai segurar a câmera do celular?
É preciso deixar a configuração do wi-fi escrita em algum lugar...
Tem que ser um site aberto, sem senhas e cadastro,
Quem sabe ganho meus quinze minutos de fama.
Que musica tocar durante a cerimonia funerária?
A nona de Beethoven, Carmen de Bizet, Akhnaten do Philip Glass?
Talvez um rock orquestrado (muito cafona!).
Tem que ter valsa para lembrar Strauss, Kubrick, 2001 uma Odisséia...
Será que minha influencia comporta um rasante da caças da força aérea?
(espero que já tenham chegados os F-18 gratuitos do Lula)
Com quem ficarão os livros empoeirados na estante.
Os de Fernando Pessoa e da Clarice Lispector.
Os "cronópios e famas" do Cortazar.
Páginas lidas, anotadas, apenas folheadas, decoradas, não entendidas e não lidas.
Cada uma me enchendo de inútil conhecimento gratuito.
E as fotos espalhadas nas gavetas da escrivaninha, quem saberá ordená-las?
Os blogs, o site, facebooks, twitters e outros tantos espaços virtuais.....
Os vídeos, as fotos e os textos sem continuidade.
Não posso esquecer de programar o e-mail de resposta automática:
"Não poderei responder seu e-mail pois acabo de falecer, assuntos urgentes favor contatar meu advogado.
Para envio de pêsames utilize o seguinte endereço: jahera_mlbelem@crematório.com.br"
Os menos céticos e inconformados com a situação, favor procurar no Google:
"como se comunicar com pessoas já cremadas -cartomante -informante -despachante".

A maior preocupação é com a disseminação das minhas idéias anômalas...
Quem irá preservá-las ou divulgá-las? Ninguém, pois todos me acham louco de pedrisco.
A teoria do cérebro, da mulher , o exemplo da relatividade, a analogia do teorema da divergência.
Mecânica Quântica, Teoria de Cordas & Processos Estocásticos....
Por fim meu prazer em dirigir, velejar, pilotar...isto não tem como repassar...desaparecem comigo.
E as prestações pagas, impostos sonegados, carnês liquidados,
multas e condomínios depositados.
Seria possível transforma-los em crédito pós-óbito e terceirizar a morte?

Ao fim de tudo eu creio que desapareço junto comigo...

Melhor tomar um antibiótico e garantir o futuro esperado que não vem,
Acordado, dopado pelo turbilhão de ocupações sem importância,
que me asseguram a falsa impressão de ser humano.

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