Sexta-feira, tarde nublada. Impaciente, na fila, aguardo no balcão de atendimento.
Descabida demora me irrita violenta-a-mente...
Todos na fila estão perplexos com a demora.
Pelo burburinho, parece haver uma confusão.
A atendente solicita reforço para o expert do estoque.
O motivo é um casal preparando descaradamente uma orgia no sítio durante o final de semana. Ela com olhar de travessura juvenil sussurra e compartilha indecisões a cada escolha de compra. Ele decidido replica com convicção, cumprindo o papel de provedor da verdade. A cada resposta, o malicioso sorriso de cumplicidade toma conta do ambiente, aumentando sem motivo o tempo para atender a fila, que só aumenta.
A atendente participa do ménage à trois fazendo intervenções inusitadas. Enquanto ela compra anal-gésico, anti-alérgico e anti-depressivo, alguem na fila resmunga para saber se na sacola tem vaso dilatador e preservativo. Finalmente a lista de compras chega ao fim. Solicitam desconto, como na feira comprando tomates. Pagam no caixa e de mãos entrelaçadas, seguem até o carro entulhado de cacarecos para decorar a parede vazia do sítio.
Imagino a orgia regada com medicamentos e agasalhos de frio...
Parece muito com o jovem casal, que agora a pouco no supermercado, se beijava lascivamente na fila com uma garrafa de rum e um punhado de petisco barato, numa clara antecipação da noite devassa.
- Hum! Hummmm!
Chega a minha vez, e o farmacêutico pergunta: -- Pois não! Posso ajudar? Constrangido e contaminado pela inercia do meu pensamento, tenho coragem apenas de pedir um inofensivo spray de própolis. Escondo a prescrição médica para hipertensão, no bolso. Sorrio e agradeço com cortesia, dissimulando a dura sensação de envelhecer. Chego em casa febril, mas com ar de vitorioso. Motivado; parto em busca da próxima transgressão que me fará sentir mais jovem. Dormir sem escovar os dentes! Absolutamente inusitado!!! Na manha seguinte, acordo implacavelmente um dia mais velho. Mesmo tendo ido dormir mais jovem...
Fragmentos de textos interessantes de autores renomados e também de minha autoria, depositados aqui ao invés de entupir a caixa postal dos amigos.
24 setembro, 2009
11 setembro, 2009
Febre? Gripe Suína?
Calor imenso, suando de umedecer a camisa.
Logo em seguida calafrios, temores e tremores.
Será que a "suína" me pegou?
Fico atônito e penso no meu velório.
Quem viria? Os amigos?
Os inimigos para certificar a morte sem direito a ressurreição.
Acho difícil tanta gente, com esse trânsito engarrafado.
Melhor fazer uma transmissão ao vivo pela Web.
Mas quem vai segurar a câmera do celular?
É preciso deixar a configuração do wi-fi escrita em algum lugar...
Tem que ser um site aberto, sem senhas e cadastro,
Quem sabe ganho meus quinze minutos de fama.
Que musica tocar durante a cerimonia funerária?
A nona de Beethoven, Carmen de Bizet, Akhnaten do Philip Glass?
Talvez um rock orquestrado (muito cafona!).
Tem que ter valsa para lembrar Strauss, Kubrick, 2001 uma Odisséia...
Será que minha influencia comporta um rasante da caças da força aérea?
(espero que já tenham chegados os F-18 gratuitos do Lula)
Com quem ficarão os livros empoeirados na estante.
Os de Fernando Pessoa e da Clarice Lispector.
Os "cronópios e famas" do Cortazar.
Páginas lidas, anotadas, apenas folheadas, decoradas, não entendidas e não lidas.
Cada uma me enchendo de inútil conhecimento gratuito.
E as fotos espalhadas nas gavetas da escrivaninha, quem saberá ordená-las?
Os blogs, o site, facebooks, twitters e outros tantos espaços virtuais.....
Os vídeos, as fotos e os textos sem continuidade.
Não posso esquecer de programar o e-mail de resposta automática:
"Não poderei responder seu e-mail pois acabo de falecer, assuntos urgentes favor contatar meu advogado.
Para envio de pêsames utilize o seguinte endereço: jahera_mlbelem@crematório.com.br"
Os menos céticos e inconformados com a situação, favor procurar no Google:
"como se comunicar com pessoas já cremadas -cartomante -informante -despachante".
A maior preocupação é com a disseminação das minhas idéias anômalas...
Quem irá preservá-las ou divulgá-las? Ninguém, pois todos me acham louco de pedrisco.
A teoria do cérebro, da mulher , o exemplo da relatividade, a analogia do teorema da divergência.
Mecânica Quântica, Teoria de Cordas & Processos Estocásticos....
Por fim meu prazer em dirigir, velejar, pilotar...isto não tem como repassar...desaparecem comigo.
E as prestações pagas, impostos sonegados, carnês liquidados, multas e condomínios depositados.
Seria possível transforma-los em crédito pós-óbito e terceirizar a morte?
Ao fim de tudo eu creio que desapareço junto comigo...
Melhor tomar um antibiótico e garantir o futuro esperado que não vem,
Acordado, dopado pelo turbilhão de ocupações sem importância,
que me asseguram a falsa impressão de ser humano.
Logo em seguida calafrios, temores e tremores.
Será que a "suína" me pegou?
Fico atônito e penso no meu velório.
Quem viria? Os amigos?
Os inimigos para certificar a morte sem direito a ressurreição.
Acho difícil tanta gente, com esse trânsito engarrafado.
Melhor fazer uma transmissão ao vivo pela Web.
Mas quem vai segurar a câmera do celular?
É preciso deixar a configuração do wi-fi escrita em algum lugar...
Tem que ser um site aberto, sem senhas e cadastro,
Quem sabe ganho meus quinze minutos de fama.
Que musica tocar durante a cerimonia funerária?
A nona de Beethoven, Carmen de Bizet, Akhnaten do Philip Glass?
Talvez um rock orquestrado (muito cafona!).
Tem que ter valsa para lembrar Strauss, Kubrick, 2001 uma Odisséia...
Será que minha influencia comporta um rasante da caças da força aérea?
(espero que já tenham chegados os F-18 gratuitos do Lula)
Com quem ficarão os livros empoeirados na estante.
Os de Fernando Pessoa e da Clarice Lispector.
Os "cronópios e famas" do Cortazar.
Páginas lidas, anotadas, apenas folheadas, decoradas, não entendidas e não lidas.
Cada uma me enchendo de inútil conhecimento gratuito.
E as fotos espalhadas nas gavetas da escrivaninha, quem saberá ordená-las?
Os blogs, o site, facebooks, twitters e outros tantos espaços virtuais.....
Os vídeos, as fotos e os textos sem continuidade.
Não posso esquecer de programar o e-mail de resposta automática:
"Não poderei responder seu e-mail pois acabo de falecer, assuntos urgentes favor contatar meu advogado.
Para envio de pêsames utilize o seguinte endereço: jahera_mlbelem@crematório.com.br"
Os menos céticos e inconformados com a situação, favor procurar no Google:
"como se comunicar com pessoas já cremadas -cartomante -informante -despachante".
A maior preocupação é com a disseminação das minhas idéias anômalas...
Quem irá preservá-las ou divulgá-las? Ninguém, pois todos me acham louco de pedrisco.
A teoria do cérebro, da mulher , o exemplo da relatividade, a analogia do teorema da divergência.
Mecânica Quântica, Teoria de Cordas & Processos Estocásticos....
Por fim meu prazer em dirigir, velejar, pilotar...isto não tem como repassar...desaparecem comigo.
E as prestações pagas, impostos sonegados, carnês liquidados, multas e condomínios depositados.
Seria possível transforma-los em crédito pós-óbito e terceirizar a morte?
Ao fim de tudo eu creio que desapareço junto comigo...
Melhor tomar um antibiótico e garantir o futuro esperado que não vem,
Acordado, dopado pelo turbilhão de ocupações sem importância,
que me asseguram a falsa impressão de ser humano.
09 setembro, 2009
Bate Papo
Tem sopa lá em casa.
Tem café na cafeteria.
Tem carinho na minha mão.
Tem história na minha vida.
Tem vontade no meu não querer.
Tem sedução na minha cabeça.
Tem conversa chata na sua boca.
Tem receio no meu desejo.
Tem bunda gostosa na sua calça.
Tem beijo de língua na sua boca.
Tem seu sexo no meu sexo.
Tem um amanhã na minha vida.
Tem um emaranhado em nossas vidas.
Ter alguem sem ter ninguém.
Tem café na cafeteria.
Tem carinho na minha mão.
Tem história na minha vida.
Tem vontade no meu não querer.
Tem sedução na minha cabeça.
Tem conversa chata na sua boca.
Tem receio no meu desejo.
Tem bunda gostosa na sua calça.
Tem beijo de língua na sua boca.
Tem seu sexo no meu sexo.
Tem um amanhã na minha vida.
Tem um emaranhado em nossas vidas.
Ter alguem sem ter ninguém.
05 setembro, 2009
Armadilhas, Chopps & Beijos
Final de tarde da sexta-feira,
Transito emaranhado,
Pensamento parado,
Pareço sentado,
Acompanhado,
Chopp gelado,
Coração quente,
Bocas molhadas,
Vidas entrelaçadas,
Beijos guardados,
Armadilhas posicionadas,
Corpos sedentos,
+1 chopp gelado,
a conta,
me conta,
confusa,
intrusa,
me usa.
abusa.
medusa,
me seduza.
Transito emaranhado,
Pensamento parado,
Pareço sentado,
Acompanhado,
Chopp gelado,
Coração quente,
Bocas molhadas,
Vidas entrelaçadas,
Beijos guardados,
Armadilhas posicionadas,
Corpos sedentos,
+1 chopp gelado,
a conta,
me conta,
confusa,
intrusa,
me usa.
abusa.
medusa,
me seduza.
04 setembro, 2009
Jantar no Escuro
Olhos vendados, sentidos expandidos...
As cicerones são jovens meigas e psicólogas.
O ambiente à meia-luz de velas.
Num piscar de olhos estou vendado.
Caminhamos a trilha da experiencia cerebral
atravessando a gastronomia de forma libidinosa.
Os sentidos ativos são ampliados pela ausência da visão.
Começamos o experimento gastronômico-cerebral
Atento a cada movimento, me sinto Dr. Bill em "Eyes Wide Shut" do Kubrick
Aprecio atentamente cada movimento do ar.
Quase invejo a sensação de estar cego.
Ao fundo as cordas de um violão vibram em contraponto à mudez da orgia gastronômica, que nos imobiliza a espreita da próxima iguaria.
Com voz suave garçonetes também nos embriagam com textos "ao ponto" da Clarice Lispector.
Pelas entranhas do universo gastronômico vamos saboreando o desconhecido.
Enfim saciados. Somo desvendados.
Pareceu um mergulho noturno em mar calmo, sem lanterna, sem cilindro e sem neoprene.
Vou repetir o experimento, adaptado de forma lasciva e sensual.
Quer tentar?
+info: www.noescurogastronomia.com.br
As cicerones são jovens meigas e psicólogas.
O ambiente à meia-luz de velas.
Num piscar de olhos estou vendado.
Caminhamos a trilha da experiencia cerebral
atravessando a gastronomia de forma libidinosa.
Os sentidos ativos são ampliados pela ausência da visão.
Começamos o experimento gastronômico-cerebral
Atento a cada movimento, me sinto Dr. Bill em "Eyes Wide Shut" do Kubrick
Aprecio atentamente cada movimento do ar.
Quase invejo a sensação de estar cego.
Ao fundo as cordas de um violão vibram em contraponto à mudez da orgia gastronômica, que nos imobiliza a espreita da próxima iguaria.
Com voz suave garçonetes também nos embriagam com textos "ao ponto" da Clarice Lispector.
Pelas entranhas do universo gastronômico vamos saboreando o desconhecido.
Enfim saciados. Somo desvendados.
Pareceu um mergulho noturno em mar calmo, sem lanterna, sem cilindro e sem neoprene.
Vou repetir o experimento, adaptado de forma lasciva e sensual.
Quer tentar?
+info: www.noescurogastronomia.com.br
01 setembro, 2009
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