09 julho, 2009

Metamorfose da memória ?

Somos apenas contínuos depositantes de recordações em nossa memória.
Enclausurados no tempo presente, pretendemos o futuro debruçados em lembranças do passado disforme.
O mendigo do outro lado da rua impede minha travessia.
Fico sempre transtornado ao encarar “nosso” Frankenstein social:
um aglomerado de entranhas e sobras desumanas.
Tanto progresso me enfastia....
Permaneço aflito por uma realidade menos glamorosa.
Meu estomago se esforça transbordando suco gástrico.
Estufado e super lotado de nutrientes.
Esbanjando energia e dilatando meu corpo.
O mendigo se fartaria com meu vômito.

Sinto prazer na rotina ritual do “cappuccino after lunch
Desnecessário...
Uma lufada de tempo faz o futuro chegar sem perspectiva.
A metamorfose contínua me renova a cada instante,
fugindo da recordação do meu antigo ser.

Lembro como fui, e me vejo obrigado a continuar sendo: o mesmo.
Contaminado de cenas antigas que se misturam às células recém chegadas.
A descrença religiosa aumenta minha fé.
Esqueletos preenchem pessoas cheias de vontade,
Com simplicidade que me deixa perplexo.
Um garoto viciado em aplausos, morreu.
"Causa mortis": vaias da vida.
O talento anacrônico não foi capaz de salvá-lo.

Quero caminhos, mas vejo exércitos de jesuítas.
Em catequese contemporânea do consumismo espiritual.
Disseminando idolatria do estético delineado por algum designer-ditador.
O vento do norte espalha melancolia.
Homenagem ao conhecimento aprimorado.
Questiono minhas férias de mil e uma noites com fogos de artifício.
Oportunidade de escrever historia,
Perder o “expresso” de peso...
Ligações interrompidas renascem mais profundas.

Um casamento na igreja é abençoado por Deus.
(confortável invenção do homem destituído de responsabilidade)
Um vazamento de gás se expande e não tem vontade de terminar.
Ficamos enlouquecidos, contrariando a evolução das espécies.
Os dedos trêmulos tateiam sonhos de uma vida.
Tumultuo sem líder, sem resistência, com violência.
Uma guerrilha eletrônica espalha políticos sem ética.
O senado os acolhe para procriar "corrupção moralizada".
Um veterano invicto de dignidade arrisca perenidade.
A punição é permanecer entre os vivos,
Enjaulados nesta modernidade e culpados desta realidade.

Uma existência de momentos costurados pela memória...

Hoje é noite para o dia de amanhã,
Assegurado pela fornalha de hidrogênio,
Que frita sem piedade nossos poucos neurônios.
Enlouquecidos e aposentados para não pensar.

[mlfb]

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