Aflito, Conflito, Reflito...

Engrenagens encaixadas, imagens mescladas.
Parece uma vida emocionante,
Mas não passa de uma sobrevivência ignorante.
Sem surpresas os dias não acontecem, despencam.
Segmentados em vida capitalista sufocante, e vida intelectual solitária.
Num controvertido discurso com atitudes contraditórias.
Emaranhado entre o real imaginário e o sonho realista.
O desafio é experimentar viver sem proteção da previdência.
Sem o futuro falsamente garantido.
Sem o ter, nem o poder.
Apenas ser humanamente plausível.
Ser lembrado por ser apenas você.
Nem metido, nem aferido.
Sem performance ou rendimento.
Apenas um destino suculento.
Cheio de sabor, sem pavor.
Liberto do gosto de sucesso fugaz.
Sem títulos a receber.
Mas com muito sorriso a devolver.
Sem lamentos:
As montanhas que não visitei, por preguiça.
Os lugares que não conheci, para economizar tempo...
O tempo que não vivi para economizar vida.
Os amores que encontrei, mas não participei.
Os odores que não percebi.
Os valores que não incorporei.
Os horizontes que não admirei.
Os dias que não almocei.
Os pensamentos alheios...
As preocupações ilegítimas.
As badalações e coreografias que simulam viver.
Sem falsas explicações, que nos fazem crer.
Fazem-nos alguém perto de ninguém.
Vida, que sem vida é pura metamorfose mineral.
Às vezes imoral.
Vida que nas telas se recria.
Que nas escolas se desvia.
Que nos aromas se perde.
Sem amparo legal.
Sem rastro emocional.
Vidas emboladas:
Apenas uma manada,
Quase desgovernada.

[mlfb]