11 dezembro, 2005

Paralisia do Movimento Parado

Banho tomado, perfumado e o almoço requintado já em processo digestivo.
Caminhada caótica de quem percorre a vida sem sentido.
O pensamento embaralhado pelo sol de dezembro
Procurando a senha bancaria, tão secreta que nunca será emitida.

De repente uma facada com vigor rasga minha compaixão,
com crueldade quase letal.
Embaixo da carroça alguém se debate em convulsões.
Esbocei ajudar, mas meus movimento foram propositadamente lentos,
na esperança de alguém chegar primeiro.
Agora já somos quase cinco pessoas...
A debilidade da minha falsa coreografia humanitária passa despercebida.

O homem e sua hérnia afastam ferozmente qualquer gesto de ajuda.
Que bom! isto legitima e mimetiza minha passividade.

Meu celular toca e catalisa o distanciamento compulsório.
Mesmo o telefonema sem importância, avaliza o afastamento com ares de missão cumprida.

Mas a consciência segue ao meu lado e me deixa sangrar.
Um jorro hemorrágico e suculento,
que vai me desumanizando,
ate' estancar a ultima gota de solidariedade.

Na ocorrência fica registrada a falta de compaixão,
o enrijecimento da alma,
Congelada, perdida e amargurada,
rebocando o corpo asséptico,
dissimulando um movimento inercial.
Sem rumo vital.

Ate’ mesmo as moedas para compra do anti-convulsivo foram omitidas.
Tenho que achar uma academia de humanização...
Urgente!

Nenhum comentário: