31 janeiro, 2005

Sábado...

Dia de descanso do trabalho.

Dia de motorista novato as pencas.
Dia de quem vive o avesso da semana,
encontrando quem atrapalha o lazer, de quem trabalha.
Mão para fora do carro significa: secar a unha; e nunca virar a esquerda.
Dia de trocar presente.
Disputando no grito uma vaga para estacionar junto à parede.
Dia de trocar farpas com o vendedor exausto de consultas de preço,
Que não se convertem em vendas.
Dia de ir ao cinema, disputar uma poltrona com boa visada,
Com gente alegre, com pe na cadeira da frente,
Gente exibida fazendo confidencias sobre a viagem feita a Disneylândia, agora Disneyland. Comentando em voz alta a cena mais importante,
Mostrando que não lê mais legenda.
Dia de jantar no restaurante da moda, na mesa que sobrou vazia,
Que sempre desagrada ao acompanhante.
Dia de garçom em treinamento, que depois de anotar seu pedido,
Parece mais estar questionando do que providenciando.
Por fim, voltar para casa, cansado de descansar tão duramente.

Amanhã é domingo e eu prometo ficar em casa.
Até cansar de descansar na cama,
Esperando a Segunda-feira.
Tomara que não tenha que assistir o Fantástico...

25 janeiro, 2005

O papel da Ciência e Tecnologia no Desenvolvimento Nacional

No séc XXI não é mais PIB de uma nação revela seu grau de desempenho.
O Índice de Desenvolvimento Humano tem cada vez mais representatividade e importância na avaliação categórica de uma região. Sabemos que estes dois índices são uma medida inequívoca do desenvolvimento socioeconômico e resultantes diretos do processo de inovação continua dos produtos e serviços.

Por outro lado, no ambiente cultural o setor educacional executa desde os primórdios da civilização um incansável trabalho de reunir, aumentar e organizar de forma rigorosa e racional o conteúdo de um recipiente repositório de conhecimentos básicos em relações objetivas, verificáveis e de valor universal.
A forma ou metodologia de estabelecer este conhecimento é feita através do expediente da pesquisa pura ou aplicada.

Enquanto pesquisa pura, teórica ou experimental está produzindo conhecimento científico - Ciência; mas quando a pesquisa é aplicada, isto se traduz como Tecnologia.



Podemos ver no diagrama uma linha frágil de interação entre o mundo acadêmico (setor educativo) e o setor produtivo, se dá através da ponte entre o conhecimento e a necessidade de inovação. Muitas vezes este processo é catalisado pelo jornalismo de divulgação científica, tão presente na atualidade sensacionalista.
Percebemos então que somente um intenso processo educacional executado de forma constante, e uma ponte de comunicação absolutamente firme e eficaz, poderão transcender o abismo inevitável entre o ritual prático de sobrevivência e a linguagem hermética e pouco coloquial da comunidade acadêmica.

Se o conhecimento contido no repositório não for regularmente transferido para fomentar a inovação, teremos apenas biblioteca cheia de livros não lidos e paginas armazenadas digitalmente aumentando as estatísticas de busca do Google.
Sem Ciência de qualidade que subsidia a produção de tecnologia da inovação, seremos uma nau sem rumo, à deriva.

Parafraseando nosso amigo Roberto Freire:

"Sem inovação, não tem solução".
Ou pior ainda: "Sem solução, não tem nação".

[mlfb]

06 janeiro, 2005

LIBERDADE

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
em edição original
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca

[Fernando Pessoa 1888-1935]

Chuva na Madrugada

Sensação de estar seco, quando lá fora a enxurrada da chuva caindo mansa continua o banho da vida molhada. Liquido escorrendo pelos obstáculos impostos artificialmente pelo homem. Corre desesperadamente em busca de solo, de terra que absorve até encharcar.

É o homem executando o Tsunami de concreto, impedindo a terra de se reciclar e se refazer. Permitindo apenas uma enchente artificial "esvaziando" a moradia de mais uma vítima, que engrossa a estatística do noticiário de amanhã.
Enquanto a terra sucumbe vagarosamente, nos falta coragem para descascar o asfalto e concreto, dando um pouco de água para esta terra respirar, afogando-se no processo divino da natureza.
Estou seco. Porem culpado e preso dentro da ratoeira de concreto armada pelo nosso desequilibro ecológico.

[mlfb]

03 janeiro, 2005

A Dança

E se, na verdade, não importa o que você faz e sim como você faz, seja lá o que for? Como isso mudaria o que você decidiu fazer com a sua vida? E se você pudesse ser mais presente e ter uma atitude mais acolhedora com cada pessoa que encontrasse; e se em vez de estar fazendo um trabalho que considera importante, estivesse trabalhando como caixa de uma pequena loja? Como isso mudaria o modo como você quer passar seu precioso tempo neste planeta? E caso sua contribuição para o mundo e a conquista de sua felicidade não dependam da descoberta de um novo método para rezar, nem de ler o livro certo ou comparecer ao seminário apropriado, e sim de você realmente ver e apreciar profundamente a si mesmo e ao mundo como eles são neste momento? Como isso afetaria seu crescimento espiritual? E se não houver necessidade de mudar, de se transformar numa pessoa mais bondosa, mais presente, mais amorosa ou mais sábia? Como isso afetaria todos os aspectos da sua vida em que você está sempre procurando ser melhor? E se a tarefa for simplesmente desabrochar, se tornar que você realmente é-(..)uma pessoa capaz de viver plenamente e de estar apaixonadamente presente? E se quem você é essencialmente agora for exatamente o que você será sempre? E se a essência de quem você é e sempre foi for suficiente? E se a questão não for: Por que é tão raro eu ser a pessoa que quero ser, e sim: por que é tão raro eu querer ser a pessoa que realmente sou? E se o fato de nos tornarmos quem realmente somos não acontecer através do esforço e da tentativa, e sim por reconhecermos e aceitarmos as pessoas, os lugares e as experiências que nos oferecem o calor do estímulo de que precisamos para desabrochar? E se você soubesse que o impulso para agir de uma maneira que irá criar beleza no mundo surgirá bem no seu íntimo, e servirá de orientação, sempre que você simplesmente prestar atenção e esperar? Você decidiria apenas se soltar e dançar?"

[Oriah Mountain Dreamer]