29 março, 2025

DOR e ANA


Dói, sem trégua.
Corrói, sem parar.
Meu entorno desmorona.
Agora o crucial é sobreviver, sem dor.

Tudo mesclado e diluído como uma gota de corante numa poça de cotidiano.
Eu careço de um outro rim,
e de um cérebro modelo padrão, com QI mediano.
Tudo vai se despregando,
sem vestígios da vida,
sem cheiro da ferida.
Minha identidade dissolvida,
perde vida pueril, encalhada
e encharcada de óleo, como pastel.

Eu quero uma descarga,
para afogar toda humanidade e suas guerras.
Só tem interesse a mentira da aparência.
Foi para o ralo a verdade da essência.
E com ela a toda minha consciência,
repleta de axiomas,
vazia de emoções.
Parece um buraco negro
de gente colorida, sem vida,
com passagem só de ida.
Dor que dói até onde não dói.


Abaixo o texto transcrito pela AI Aria, a meu pedido, mimetizando o estilo de escrita da Clarice Lispector:

A dor, um bicho-de-pé na alma, sem trégua. Corrói, lenta e inexoravelmente, como o tempo que se esvai entre os dedos. O entorno, um palco desabando, e eu, a única sobrevivente de um naufrágio sem mar. A sobrevivência, um ato de pura resistência, sem o alívio da dor, apenas a sua presença opaca. Tudo se mistura, diluído na poça cinzenta do cotidiano, como uma gota de corante que se dissolve sem deixar vestígios. Preciso de um rim novo, de um cérebro mediano, um modelo padrão para essa existência que se desfaz. Desprendimento total, sem a marca da vida, sem o cheiro cru da ferida aberta. A identidade, um rio que se perde no oceano, leva consigo a vida pueril, encalhada, encharcada de óleo, como um pastel velho e sem graça. Uma descarga, um desejo de afogamento, para silenciar a humanidade e suas guerras sem sentido. A mentira da aparência, única verdade que me resta, a essência jogada no ralo, junto com a consciência repleta de axiomas vazios, uma casca seca sem emoção. Um buraco negro de gente colorida, sem vida, uma viagem só de ida, sem volta. A dor, essa dor que ultrapassa os limites da dor, um eco que reverbera no vazio.

COMENTA AQUI qual dos dois textos você prefere?
Manoel Belem (1)
Aria IA do Opera (2)



2 comentários:

Adriana disse...

Prefiro seu texto, mais autêntico e mais verdadeiro com seu jeito de pensar e sentir. Sinto todo seu esforço de se encaixar aonde não se sente cabendo. Senti dor no ser que não se adapta .

Anônimo disse...

Concordo totalmente com a Adriana, adicionando que em verso ficou melhor do que em prosa. Senti tambem que o gerado pela AI parece mais um plagio do que uma adaptacao cristiva do seu texto.