23 setembro, 2015

Tiquinho de gente



Visita aguardada sem cerimonia.
Porta entreaberta, sala invadida por um sorriso meigo, pedindo permissão para se entrosar.
De cara ela pergunta sobre a semente de feijão, flutua inquieta pela sala.
Os olhos cintilam com estranheza quando se deparam com um cockpit no meio da sala.
Mesmo sem resposta, dispara então a segunda pergunta: Posso dirigir um pouquinho?
Ficamos entretidos entre curvas, aceleradas, trocas de marcha e freadas calculadas.
Tudo executado com a pericia de neofito com fome de viver tudo.

E com toda maturidade que uma menina de 6 anos possui,
ela se levanta decidida, e me indaga sobre o proximo 'exercicio'.
Pega a caixa com feijão recem-inchado e algodão úmido,
como se fosse um prematuro no berçário, ou um bilhete premiado.
Chega à porta, pára e volta sem ninguem pedir.
Se inclina, beija minha testa.
Ato espontaneo, carinhoso, caloroso.
Ficamos enternecidos compulsóriamente,
e concordamos que ela voltará antes do aniversário de 7 anos.
Ainda sem respirar, atonito com que houvera,
Afogado naquele beijo
Aceno para aluna que me ensina a viver.

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