20 abril, 2010

Reflexão nas alturas (pós Earth Day)

- Senhor, ou joga fora ou bebe tudo!

Líquidos a bordo nem pensar…razões de segurança.

Preferi sorver toda aquela água quente num gole…e passei pelo primeiro pelotão.

A inspectora autoritária manda tirar os sapatos. Pedido que lembra ambiente de alcova.

Outro segurança aponta para a mochila. Abro, tiro o computador, que engancha na minha paciência.

Quase deixo vazar a indignação passageira.

Liberado e enjaulado, sigo a seta para o terminal, que espero não seja nenhum paciente.

Logo vejo Washington, do alto, pela janela que estreita a visão e espreme a mente.

Lembro dos museus.Todos meticulosamente arquitetados.

Curadores impecáveis.

Arte….sómente contemporânea, a outra me aborrece.

Setenta milhões de anos de historia natural, que Darwin sintetiza numa vitrine de vinte passos. Estamos na era do fast-cult.

Alberto Giacometti me persegue com suas esculturas embolotadas, longelineas e encrespadadamente fiéis a realidade.

O pólen empurrado pela ventania faz uma nuvem amarela de "polenuicao", reverenciando a mãe Terra, que veste a mesma grama surrada de todo dia.

Uma galeria de fotos premiadas tem destaque na curadoria.

Negros fazendo entardecer mais cedo, na Angola inglesa, sem legenda: My man!

A cor da pele nos aproxima e logo sou promovido de potencial terrorista a "brother" desbotado.

Dia de despedida. Troquei o zoológico pelo aquário, mas não estava preparado.

Os peixes foram passando e me observando com espanto.

Pude ouvir o mais escamoso dizer que eu parecia um humano interessante, mas tinha ar de cansado e minha luz pulsante acendeu poucas vezes.

O menorzinho retrucou e justificou dizendo que eu estava preso recente nesta jaula , mas breve eu voltaria para minha jaula natal….

Combinaram então, para me ver feliz, que voltariam em piruetas e acrobacias usando rabos e barbatanas.

Fugi. Correndo…voando…mas sei que a velha jaula esta me aguardando…

Ou joga fora ou bebe tudo!

03 abril, 2010

Fluir espaço-tempo

Na estrada deslizamos sob vigia eletrônica,
A catarse da velocidade transporta alma, que não tenho.
Meus sonhos viajam na lentidão dos horizontes onde emergem novas vidas.
À margem, pastando livre, o gado suporta a engorda fatal.
Ao volante, ela dirige nossas vidas.
Contamos estórias de amores passados...alguns não resolvidos.
Outro radar tirano nos impõe ritmo mais ameno.
Corpo e carga são obrigados a existir lentamente.
A paisagem penetra a noite pelos caminhos livres.
Agito um futuro sem pressa de acontecer.
Sem medo é mais ameno.
Sem culpa parece mais leve.
Ser quem eu imagino ser; incorporado de quem sou.
[mlfb]