30 abril, 2009

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24 abril, 2009

Nesta vida em que sou meu sono,

Não sou meu dono,
Quem sou é que me ignoro e vive
Através desta névoa que sou eu
Todas as vidas que outrora tive,
Numa só vida.
Mar sou; baixo marulho ao alto rujo,
Mas minha cor vem do meu alto céu,
E só me encontro quando de mim fujo.

Álvaro de Campos 12dez1932 (Fernando Pessoa)

23 abril, 2009

Callas de Bizet & Carmen por Zeffirelli

O trabalho me afoga durante todo o feriado.
Enfeitiçado de tecnologia e negócios inventados.
Vou acomodando minha carcaça na poltrona que aprende meu sentar.
Descanso o corpo, mas a mente continua fustigada pelo entorno.
Reconheço a musica que permeia no ar para impregnar meus neurônios.
Sinto a imaginação conduzida com euforia pela sonoridade da ópera.
Fanny Ardant tem que fazer um grande esforço para não ser perfeita...
Franco Zefferelli empresta sua linguagem cinematográfica para contar a vida de Maria Callas entrelaçada com a história de Carmen.
As vezes eu tenho a descabida percepção que ele escreveu esta opera
para ela cantar e sob medida para eu apreciar.
O ritmo me ressuscita a cada momento que preciso inalar vida.
Contágio neural !
Ninguém permanece imune depois de ouvir Carmen,
cantada por Callas, interpretada por Fanny, dirigida por Zeffirelli.
Esta seja talvez a única forma possível de viagem no tempo:
Eu vivendo o passado como presente e
Bizet presente no meu futuro, como um presente.
Uma simples percepção que viver, transcende estar vivo.
Thanks Bizet.... Callas Forever....

Podemos ser felizes sem ser extraordinários?
Infelizmente não:

Habanera: L'amour est un oisseau rebelle (Carmen)
Pres des remparts de Seville (Carmen & Don Jose)
Chanson Bohéme (Carmen, Frasquita, Mercedes)
Couplets de Escamillo
C'est toi...C'est moi... (Carmen & Don Jose)
Orchestre du Theatre National de l'Opera (Prêtre)

[mlfb]

19 abril, 2009

Sorriso

A refeição não me basta.
Falta alimentar a mente.
Tento uma sessão de cinema.
DIVÃ, um filme nacional,
parece suficiente para uma tarde de sábado.
Uma senhora idosa, amparada pela amiga exalando naftalina,
senta ao meu lado e puxa conversa.
Não consigo retribuir o entusiasmo.
Apaga-se a luz e a voz do Caetano dilui a imagem combalida:
"Leitos perfeitos. Seus peitos direitos me olham assim.
Fino menino me inclino pro lado do sim. Rapte-me, adapte-me, capte-me..."
O roteiro me faz ruminar pensamentos já mastigados,
mas não completamente digeridos.
Na volta para casa, o olhar acostumado à realidade fugaz,
percebe a existência como uma tarde sem fim.

O semáforo vermelho permite um ligeiro flerte.
Ela sente-se protegida pelo próximo instante.
A certeza que cada um segue na direção oposta,
funciona como escudo protetor.
Uma nesga de sedução leve e coreografia ensaiada.
Igual a sensação de atirar em legitima defesa.
Você pratica o crime isento de culpa.
E não precisa aguardar nenhum telefonema...no dia seguinte.

Sinal verde, e um sorriso alimenta a alma esquecida.
Faz andar a vida imobilizada no semáforo.

[mlfb]

Desperdício X Suborno

Ninguém consegue subornar a Morte.

Para que desperdiçar a Vida querendo enriquecer?

[mlfb]

05 abril, 2009

Platéia requintada



E
spremidos lado a lado apreciando minha intimidade de maneira descarada: Paul Éluard, Choderlos, Alberto Moravia, Borges, Richard Bach, Machado de Assis, Lima Barreto, Gore Vidal, Fernando Pessoa e até Clarice Lispector, entre outros que não consigo reconhecer.
Puxo o lençol para me resguardar das criticas ao corpo disforme.
Percebendo minha placidez, Alberto Moravia sussurra baixinho:
- Alguem consegue enxergar o outro lado da cama?
Machado logo responde:
- Não é preciso ver para saber o que la repousa....
Paul Éluard se apressa em identificar uma grande paixão.
Dino Buzzati discorda e diz que são apenas restos dilacerados de uma noite prazerosa.
Onde os gritos e gemidos denunciam a alcova libertina.

Finjo não perceber a bisbilhotice da intrigada plateia encadernada.

- Acho que ela é dorminhoca e só vai levantar mais tarde.
Sem levantar os olhos tenho certeza que foi Richard Bach....

Escondo minha risada, sorrateiramente aperto o PLAY ,
e continuo deitado assistindo o filme "Harry and Sally"
onde Meg Ryan, simula um orgasmo em pleno o restaurante...

[mlfb]

01 abril, 2009

Sonho sob encomenda

A campainha toca no horário previsto.
Um pouco de felicidade clandestina entra com hora marcada.
Deita na rede da varanda com familiaridade.
Nem o "scotch" com muito gelo consegue aplacar a euforia juvenil.
Mãos tateando entranhas buscam aprender o outro.
Nossos corpos se mesclam atônitos no corredor pouco iluminado,
que nos levaria da sala ao escritório.

As vestes rasgadas servem como testemunhas oculares,
do instinto que vai se esparramando impiedosamente.
Sem vergonha de ser mulher,
na pratica do rito animal com êxtase retumbante,
rasga a pele em busca da carne,
penetra a derme com euforia hedonista,
captura o olhar antes que escorra no tempo.
Simples como convém a uma deusa e a um poeta.

Agora me resta apenas duas tarrrachas de brinco,
imoveis sob os lençóis impregnados com cheiro de gente saciada.
Uma lembrança de plenitude e fulminação.

O telefone toca e interrompe meu sonho.
- Alo!! Voce conseguiu comprar as tarrachas que te encomendei ? Sem meus brincos minha vida vira uma loucura!!!

Faço idéia...

[mlfb]